Não posso ignorar que sou um desses pessimistas. É verdade. Há muito deixei de acreditar no ser humano, mas que bom, parece que nem tudo está perdido.
Seria a coisa mais normal do mundo, não fosse a imbecilidade que norteia as cabeças dos torcedores, não só no Brasil como no mundo inteiro, agindo como fanáticos e se comportando como se estivessem no Coliseu, vendo os gladiadores se matarem e vibrando com tamanha violência.
É bom saber que a rivalidade deu lugar à solidariedade e ao desejo sincero de que Ricardo Gomes saia ileso mais uma vez.
Isso sim é bonito de se ver, lamentável só pelo drama da família e do próprio técnico, afinal todos nós, independente de nossos credos, somos filhos do mesmo pai. Até caberia aí uma piadinha, mas o momento não é para isso, seria humor negro. Só espero não ser considerado racista por falar em “humor negro”, pois essa expressão pode ser considerada politicamente incorreta, mas dane-se e continuemos.
Como não poderia deixar de ser, também torço pela sua rápida recuperação e acima de tudo que não deixa seqüelas, mas a idéia de escrever sobre Ricardo Gomes, neste momento delicado de sua vida é um só: a mania que tenho de dar pitaco em tudo.
Sei que futebol, é uma paixão nacional e sei também que essa paixão é mais forte em quem trabalha no futebol, seja jogador, técnico, dirigente de clube, médico roupeiro, seja lá quem for. Jogador vira técnico ou comentarista, juiz vira comentarista, enfim é praticamente impossível essas pessoas largarem o futebol.
Contudo isso, no lugar de Ricardo Gomes eu já teria me aposentado. Depois de sofrer um AVC em Fevereiro de 2010, quando era treinador do São Paulo e ter a sorte de sair incólume, continuar numa profissão altamente estressante pelas suas excessivas cobranças por resultados positivos, sinceramente é coisa de quem não tem amor à vida.
Em primeiro lugar, acima de tudo está nossa saúde, nossa vida, para que possamos permanecer ao lado de quem amamos o maior tempo possível.
Por mais diferente que possamos pensar, a vida da gente é um fio finíssimo que nos separa do outro lado e que pode se romper a qualquer momento, independente de nossa vontade, por mais dinheiro que possamos ter.
Seria bom se nós lembrássemos sempre disso.
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